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Segundo Scott Rogers em seu famoso livro Level UP! Um Guia para o Design de Jogos , o GDD geralmente é “um documento longo e intimidador, cheio de informação que varia entre o útil e o misterioso“.
Um Game Design Document (GDD) é a espinha dorsal de qualquer projeto de desenvolvimento de jogos. Ele serve como um plano detalhado que descreve todos os aspectos do jogo, desde a mecânica central até os detalhes de interface, narrativa e arte. Para desenvolvedores indie, a criação de um GDD bem estruturado pode ajudar na organização das ideias e a manter o foco ao longo do processo de desenvolvimento, mesmo quando os recursos e as equipes são limitados.
De forma clássica, um GDD é um documento vivo que evolui junto com o desenvolvimento do jogo. Ele abrange todos os aspectos do design do jogo e serve como um guia para os desenvolvedores, artistas, engenheiros e outros membros da equipe. Jesse Schell, no livro The Art of Game Design, define o GDD como “um documento que ajuda a cristalizar a visão do jogo”. Já Scott Rogers, em Level UP! The Guide to Great Video Game Design, ressalta que o GDD não é um manual rígido, mas sim uma “ferramenta de comunicação” que deve ser constantemente atualizada à medida que o projeto avança.
A importância do GDD reside na sua função de esclarecer todas as partes do jogo de maneira a evitar ambiguidades durante o desenvolvimento. Para desenvolvedores indie, isso é ainda mais vital, pois as equipes menores dependem de uma visão clara e bem comunicada para garantir que todos estejam na mesma página.
O tamanho de um Game Design Document (GDD) pode variar significativamente dependendo da complexidade do jogo e da equipe envolvida. Jogos de grande escala, como The Witcher 3: Wild Hunt, com centenas de personagens, mecânicas complexas, e um vasto mundo aberto, provavelmente exigem GDDs com centenas de páginas, detalhando cada aspecto do jogo, desde a narrativa até o design de níveis e interações.
Por outro lado, jogos indie menores, como Celeste ou Undertale, que possuem mecânicas mais focadas e uma equipe de desenvolvimento menor, podem ter GDDs muito mais concisos, com menos de 50 páginas, centrando-se em mecânicas principais e direção artística.
Essa correlação entre o escopo do jogo e o tamanho do GDD reflete a necessidade de detalhamento de cada aspecto do design, com grandes produções exigindo um nível de documentação muito mais profundo do que jogos menores e mais diretos.
Para garantir que seu GDD seja eficaz, especialmente em projetos indie, ele deve seguir uma estrutura sólida que equilibre detalhes técnicos e criatividade. Veja a seguir os principais passos para criar um GDD funcional, com base nos ensinamentos de Schell, Rogers e em práticas comuns na indústria.
O GDD deve começar com um resumo do jogo, que é uma descrição curta e concisa do conceito principal. Responda perguntas como: Qual é o gênero do jogo? Qual é a premissa principal? Qual é a experiência do jogador? Esta seção deve ser clara o suficiente para que qualquer pessoa que leia entenda a essência do jogo rapidamente.
Gênero: Aventura de plataforma 2D.
Premissa: O jogador controla um herói em um mundo de fantasia tentando resgatar a princesa de um dragão.
Público-alvo: Jogadores de 12 a 25 anos que gostam de desafios e histórias épicas.
Esta seção detalha as principais mecânicas e sistemas do jogo. Use as perguntas dos “lentes” de Jesse Schell para refinar as ideias: Qual é o núcleo da diversão? Como as mecânicas interagem entre si? Defina com precisão os controles, as regras e como o jogador interage com o ambiente. Descreva também as principais metas do jogador e como ele pode atingir essas metas.
Scott Rogers recomenda usar a técnica de verbos para definir ações que os jogadores podem realizar no jogo. Por exemplo: correr, pular, atacar, coletar. Cada verbo define o comportamento do personagem e guia o design das interações.
Aqui você detalha o enredo, o desenvolvimento da história e os personagens principais. Descreva a motivação do protagonista, os antagonistas e qualquer outro personagem relevante. De acordo com Scott Rogers, uma narrativa envolvente pode ser o fator que mantém o jogador investido emocionalmente no jogo. Mesmo em jogos indie, uma boa história ou personagens carismáticos podem ser diferenciais poderosos.
Descreva como os níveis do jogo serão estruturados, levando em consideração a progressão de dificuldade e a curva de aprendizado do jogador. De acordo com Jesse Schell, a criação de níveis deve ser pensada para manter o jogador engajado, variando os desafios e recompensas. Para jogos indie, isso é crucial para manter a experiência divertida com recursos limitados. Pense também na organização dos checkpoints, inimigos e itens especiais.
Um bom GDD detalha a interface de usuário (UI) e os controles. Inclua mockups visuais da interface, diagramas de HUD (heads-up display) e as opções de menu. Rogers sugere que esta seção também descreva as ações de entrada do jogador e a resposta esperada (feedback). Em jogos indie, a simplicidade nos controles pode ser o segredo para uma boa experiência de usuário.
Defina a direção artística do jogo, descrevendo o estilo visual, paleta de cores, design de personagens e ambientes. Especifique se o jogo será em 2D ou 3D, e inclua exemplos de arte conceitual, se possível. Schell enfatiza que a arte do jogo deve complementar a experiência geral e reforçar a imersão do jogador. Para desenvolvedores indie, encontrar um estilo visual único pode ser uma vantagem competitiva no mercado saturado de jogos.
Descreva o design sonoro do jogo, incluindo músicas de fundo, efeitos sonoros e narrações (se houver). Rogers destaca que o áudio é um elemento poderoso que pode amplificar a emoção e imersão do jogador. Para jogos indie, a escolha de sons e trilhas sonoras memoráveis pode ser uma das maneiras mais econômicas de impactar os jogadores.
Inclua tabelas de referência com valores numéricos importantes, como a velocidade de movimento do personagem, alcance de ataques, tempo de resposta, entre outros. Isso ajuda a equipe a ter um padrão claro para balancear o jogo. Além disso, um cronograma de desenvolvimento com marcos importantes deve ser incluído, estabelecendo prazos para a conclusão de fases críticas do projeto.
Para desenvolvedores indie, o GDD deve ser visto como uma ferramenta flexível e não como um documento estático. É importante mantê-lo atualizado à medida que o jogo evolui e garantir que ele seja acessível a toda a equipe. No entanto, lembre-se de manter o documento conciso, pois equipes menores não têm tempo para navegar por páginas e páginas de especificações.
Além disso, considere usar ferramentas de colaboração online, como o Google Docs ou Notion, para manter o GDD facilmente editável e acessível por todos. Isso garante que todos na equipe possam consultar ou contribuir com o projeto em tempo real, o que é especialmente importante em equipes distribuídas ou remotas.
Um GDD bem elaborado é o alicerce para o desenvolvimento de qualquer jogo, especialmente em estúdios indie com recursos limitados. Ele proporciona clareza, organização e uma visão unificada para a equipe, garantindo que todos estejam trabalhando em direção ao mesmo objetivo. Seguindo as diretrizes sugeridas por Jesse Schell e Scott Rogers, e complementando com boas práticas de desenvolvimento, você terá uma base sólida para criar jogos de qualidade e, ao mesmo tempo, otimizar os processos de produção.
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